A Polícia Federal realizou, nesta terça-feira (27), a Operação Gryphus, visando desmantelar uma organização criminosa que atua no tráfico internacional de drogas. O grupo é suspeito de recrutar pessoas para o transporte de entorpecentes em voos que partem do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, com destino à Europa.
Foram expedidos cinco mandados de busca e apreensão, cumpridos em cidades de dois estados: São José dos Pinhais e Pinhais, no Paraná; e Camboriú e Itajaí, em Santa Catarina. Também foram decretadas duas prisões preventivas contra investigados que, atualmente, se encontram na Europa. “Nós conseguimos identificar uma mulher, seu filho e sua filha. Essa mulher e seu filho estão na Europa. Ela já tem um mandado de prisão por outro crime de tráfico de drogas, e hoje esses mandados foram incluídos na difusão vermelha da Interpol. Quanto aos que estão aqui, tivemos cinco buscas no Paraná e em Santa Catarina, onde encontramos não só uma grande quantidade de drogas, mas também todo o equipamento necessário para a preparação de malas, nas quais localizamos a droga. No entanto, não foi possível realizar uma prisão em flagrante, pois a pessoa não estava no local. Nos outros endereços, houve a apreensão de dispositivos eletrônicos, como computadores, celulares e documentos — inclusive falsos”, relata o delegado-chefe da Polícia Federal em Campinas, Edson de Souza.
A princípio, a mulher lideraria o esquema; o filho está com ela no exterior, e a filha permanece no sul do Brasil. A mulher conseguiu embarcar para a Europa com um aporte falso. “Além das prisões que realizamos ali, junto ao Aeroporto de Viracopos, há todo um trabalho investigativo e de inteligência para identificar a quem essas pessoas respondem, com quem estão relacionadas ou de onde veio essa droga. Essa é a parte mais importante, para não ficarmos apenas na fiscalização fria e seca, apreendendo os transportadores — as chamadas mulas —, mas sim alcancemos os cooptadores e financiadores”, explica o delegado-chefe.
As investigações tiveram início após duas prisões em flagrante realizadas no terminal aéreo em 2023. Em março, uma mulher de 41 anos foi detida ao tentar embarcar com drogas para Lisboa. Em outubro do mesmo ano, um homem de 25 anos também foi preso na mesma situação. Conforme a Polícia Federal, os dois foram aliciados por integrantes do grupo criminoso, que contava com o apoio de comparsas brasileiros localizados no exterior. “Eles estavam com aproximadamente 5 kg de cocaína cada um, escondidos em fundo falso de mala. O que detectamos foi que essas duas prisões, apesar do intervalo de seis meses entre elas, tinham ligação entre si quanto às pessoas fornecedoras. A partir dos dados que obtivemos, conseguimos identificar toda essa organização criminosa.”
Crimes e penas
Os envolvidos poderão responder por tráfico internacional de drogas, associação criminosa e uso de documentos falsos. As penas somadas podem ultraar 35 anos de prisão.
Operação Gryphus
O nome da operação faz referência ao “Gryphus”, criatura mitológica com corpo de leão e cabeça e asas de águia, símbolo de força, vigilância e poder — em alusão ao trabalho fiscalizatório realizado no Aeroporto de Viracopos.